Preciso dum amor ou qualquer coisa...
Preciso dum amor ou qualquer coisa
Que me distraia dessa vida fácil.
Preciso dum acaso favorável
Que engane esta funesta, escassa força
Vontade inútil, conhecer quem torça
Para passar a tarde (pra que chova)
No acaso conjugável de olhar grácil
E pronunciar a coisa impronunciável.
Não há ninguém! Não há ninguém que a mim me queira
Ó vida triste, ó Narciso infeliz
Que sou arrogante, fútil, incabal.
Distrai-me ó vida tola, me entretenha,
Queimando lentamente como lenha
Querendo sempre achar quem a mim queira
Em moeda jogada ao chafariz
Num amanhã tardio e eventual.
Sou esboço de rascunho de projeto
Antitético anti-eclético acético
À regra hodierna sou o exceto
Que paira à tênue linha do hipotético.