Preciso dum amor ou qualquer coisa...

Preciso dum amor ou qualquer coisa

Que me distraia dessa vida fácil.

Preciso dum acaso favorável

Que engane esta funesta, escassa força

Vontade inútil, conhecer quem torça

Para passar a tarde (pra que chova)

No acaso conjugável de olhar grácil

E pronunciar a coisa impronunciável.

Não há ninguém! Não há ninguém que a mim me queira

Ó vida triste, ó Narciso infeliz

Que sou arrogante, fútil, incabal.

Distrai-me ó vida tola, me entretenha,

Queimando lentamente como lenha

Querendo sempre achar quem a mim queira

Em moeda jogada ao chafariz

Num amanhã tardio e eventual.

Sou esboço de rascunho de projeto

Antitético anti-eclético acético

À regra hodierna sou o exceto

Que paira à tênue linha do hipotético.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 10/12/2006
Código do texto: T314612