"O senhor estréia"

“O senhor estréia”

Meu coração anseia

A grande estréia. Estréia essa perseverança sonha...

Perseverança corpo, quase morto, não se desgruda da alma, alma essa que anseia a grande estréia...

Estréia essa que as palavras tateiam as paredes molhadas da boca, no leito de uma velha língua seca.

Língua minha velha, otimista, manifesta poesia, tocando as cordas vocais, em uma sonora canção de fonemas...

O espaço se enche de mim explode uma nova criação.

Uma nova canção um novo poeta...

Um novo poeta...

Este poeta privado da vida, privado do chão, privado do ar...

Privado, eu vivo uma vida de merda.

Voltar a voar em terras natalinas e sonhar com a estréia de um velho otimista

O velho pulmão deseja o ar brasileiro, minhas narinas desejam o aroma do café paulista.

Meus olvidos desejam como desejam a bossa carioca,

Meu coração saudoso chora orgulhoso...

Por que as a rosas não falam, me diz Cartola.

Disseram-me que eu posso voltar!

Minha barriga o medo, o medo da estréia, estréia essa velha estréia... Sonha a linguas em um molhado discurso mudo...

Novamente falar em meu idioma, aqui onde eu estou, sou um poeta morto analfabeto em cultura estrangeira,

Estranheza que me mata todos os dias neste exílio infinito.

Morto não lê, muito menos escreve, mas disseram que eu posso voltar!

Isso ressuscitou a língua do poeta as mãos e a alma do poeta.

Isso ressuscitou a estréia, borrada e manchada junto com a historia de guerrilheiro, também poeta.

Ressuscitou a estréia torturada, censurada, afogada na salmoura da loucura.

Estréia essa mofada em terra estrangeira...

Agora estou aqui, o foco sobre o meu corpo.

O foco se mistura com a minha áurea, meus lábios secos mostram a língua entre dentes ambos ofegantes.

Sinto-me hoje poeta imigrante, re-migrando para minha própria terra.

Eu estréio essa face, eram sete morreram seis restou essa...

E essa velha face que estréia...

Brasilino de Oliveira
Enviado por Brasilino de Oliveira em 11/08/2011
Reeditado em 05/12/2011
Código do texto: T3152931
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