DAS MÃOS

Das mãos que trilhas essas palavras,

O verso costumou-se ao seco.

Como o poeta,

Que canta um povo,

E não se deu conta,

Que esse povo não o olha,

E é bem verdade,

Que esse povo, nem o conheça!

Das mãos que trilhas essas palavras,

Não a obra,

Não a hereditários,

E ficou uma memoria de quem patri.

E a gramática barro-se numa arte bruta.

--- talvez o tolo forme a concordância, o poeta não! ---

E os poemas... São bem forte!

Mas, como todos os poemas, só o poeta entende.

Das mãos que trilhas essas palavras,

De tão livres e pequenas,

Apegou-se, como devoto a solidão!

Foi bem, mas pleno, só!

E de tão só, cobriu toda uma geração!

Das mãos que trilhas essas palavras,

O homem é tão pequeno,

O poeta é tão pequeno,

A cidade desse poeta é tão pequena,

Que o poeta sempre acordo com os pés fora da cama.

Só ao amigo ele é grande,

Só ao amigo!

Se não fosse a poesia,

O mundo sempre amanhecia nu,

O poeta amanhecia nu,

De um nu feio,

De um nu desformal, estranho.

De um nu podre.

De um nu, sem mãos.

Das mãos que trilhas essas palavras...

... Comprou o ticket de outra estação!

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 12/08/2011
Código do texto: T3156701
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