Palco da vida

Esther Ribeiro Gomes

Incontidas, as lágrimas descem no rosto

e não consigo evitar o desgosto...

Sempre foi guerreira, mulher admirável,

inteligente, com seu francês impecável,

ensinou tantos jovens com esmero e carinho,

batalhadora incansável, em seu áspero caminho!

Cumpriu com maestria seu papel de mãe,

tantos sacrifícios fez para me educar!

Era severa, mas me deu muito amor,

foi só com ela que pude contar!

Abraçou os deveres do pai ausente,

éramos apenas nós duas a caminhar...

Hoje sinto um grande nó no peito,

ao vê-la, pouco a pouco, perdendo a lucidez...

Sei que é assim mesmo, não tem jeito,

minha mãe virou criança outra vez!

Mãe amada, os papéis se inverteram,

o tempo, implacável, apagou tua memória

e eu cumpro meu papel de filha agradecida,

ao inverter os papéis da nossa história:

agora sou tua mãe, minha querida!

As luzes se apagam no palco da vida,

mas em meu coração, mãe querida,

permanecerás para sempre, viva!

A tua história será exemplo a seguir

e tua memória, incentivo a prosseguir!