reencontrando Azim

Preciso ficar um pouco mais só, sem pensar, sento num banco desta praça, sem graça - eu e o banco e a praça - mas parece que toda cidade tomou o mesmo caminho! Tudo bem! Fixo meu olhar em direção ao pinheiro plantado em frente enquanto vejo a paisagem humana, visão periférica do lugar tentando não modificar a cena!

Eis que me chega um velho amigo, daqueles que a gente consegue estar durante horas ao seu lado sem sentir a obrigação de romper o silêncio incômodo!

- Meu amigo Azim, quanto tempo!

- É sim, vim dividir um pouco do silêncio contigo, mas sinto que já quer conversar!

- Você está visível para os outros?

As pessoas estão olhando em sua direção!

- Nada, estão olhando para o lado que você olha enquanto fala comigo!

Por que não passa a me chamar por deus, assim não estranharão, deus é um nome comum entre vocês adultos para tratarem com amigos invisíveis!

Eu ri, ele também, e veio dizendo que estou visivelmente abatida.

- Estou doente Azim, em estado delirante.

- Ih! E por que ainda não procurou ajuda especializada, um curandeiro.

- Um médico você quer dizer!

Ele ri de novo, risinho meio cínico, já conversamos sobre isto, me diz.

Tá bom, digo, procurei sim, mas o analista me obrigou a aprender jogar xadrez, que o tabuleiro é a vida, o mundo, e é só fazer transferência das peças.

Caro, passei noites insone jogando, até vencê-lo, ou seja, vi o problema, não me curei!

Fui a outro, veja, tenho a receita comigo!

- Tomar banho de mar, sol, e um bom dia. Leu.

- Concordo com ele, mas pela sua cara... Qual é o problema?

- Nenhum acho, só que, ele é veterinário...

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 14/08/2011
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T3158962