reencontrando Azim
Preciso ficar um pouco mais só, sem pensar, sento num banco desta praça, sem graça - eu e o banco e a praça - mas parece que toda cidade tomou o mesmo caminho! Tudo bem! Fixo meu olhar em direção ao pinheiro plantado em frente enquanto vejo a paisagem humana, visão periférica do lugar tentando não modificar a cena!
Eis que me chega um velho amigo, daqueles que a gente consegue estar durante horas ao seu lado sem sentir a obrigação de romper o silêncio incômodo!
- Meu amigo Azim, quanto tempo!
- É sim, vim dividir um pouco do silêncio contigo, mas sinto que já quer conversar!
- Você está visível para os outros?
As pessoas estão olhando em sua direção!
- Nada, estão olhando para o lado que você olha enquanto fala comigo!
Por que não passa a me chamar por deus, assim não estranharão, deus é um nome comum entre vocês adultos para tratarem com amigos invisíveis!
Eu ri, ele também, e veio dizendo que estou visivelmente abatida.
- Estou doente Azim, em estado delirante.
- Ih! E por que ainda não procurou ajuda especializada, um curandeiro.
- Um médico você quer dizer!
Ele ri de novo, risinho meio cínico, já conversamos sobre isto, me diz.
Tá bom, digo, procurei sim, mas o analista me obrigou a aprender jogar xadrez, que o tabuleiro é a vida, o mundo, e é só fazer transferência das peças.
Caro, passei noites insone jogando, até vencê-lo, ou seja, vi o problema, não me curei!
Fui a outro, veja, tenho a receita comigo!
- Tomar banho de mar, sol, e um bom dia. Leu.
- Concordo com ele, mas pela sua cara... Qual é o problema?
- Nenhum acho, só que, ele é veterinário...