PALAVREANDO
PALAVREANDO
Elizabeth Fonseca
A palavra rompe o chão.
Nasce em folhas de algodão,
E desfolha o nascimento.
Transpira-se em fotossíntese
Pulsa o pensar, fibras verdes,
Tenro e aéreo segue ao vento.
A palavra criança,
Corre nas entrelinhas,
Faz estrelinhas,
Brinca de lobo.
A palavra calçou luvas,
Foi à festa com glamour.
Fez-se rosa e, cuidadosa,
Sem ruído vira a esquina,
Ludibria com a rima.
A palavra vira fogo
Faz o jogo, invertida,
Invencível, impassível.
A palavra fica adulta
Não tem medo, faz o enredo,
Lança o malho, se retalha.
A palavra se desnuda,
Grita na rua e gargalha.
A palavra amadurece,
Tece, não ganha promessa...
Concentra regras, regências,
E que pense pra falar.
A palavra, num sorriso
Desmancha-se em perfume,
Traz o sigma, flui no ar.
E o verbo no infinitivo...
Quer cantar, viver e amar!
do livro "Além da Janela"