PALAVREANDO

PALAVREANDO

Elizabeth Fonseca

A palavra rompe o chão.

Nasce em folhas de algodão,

E desfolha o nascimento.

Transpira-se em fotossíntese

Pulsa o pensar, fibras verdes,

Tenro e aéreo segue ao vento.

A palavra criança,

Corre nas entrelinhas,

Faz estrelinhas,

Brinca de lobo.

A palavra calçou luvas,

Foi à festa com glamour.

Fez-se rosa e, cuidadosa,

Sem ruído vira a esquina,

Ludibria com a rima.

A palavra vira fogo

Faz o jogo, invertida,

Invencível, impassível.

A palavra fica adulta

Não tem medo, faz o enredo,

Lança o malho, se retalha.

A palavra se desnuda,

Grita na rua e gargalha.

A palavra amadurece,

Tece, não ganha promessa...

Concentra regras, regências,

E que pense pra falar.

A palavra, num sorriso

Desmancha-se em perfume,

Traz o sigma, flui no ar.

E o verbo no infinitivo...

Quer cantar, viver e amar!

do livro "Além da Janela"

Elizabeth Fonseca
Enviado por Elizabeth Fonseca em 18/08/2011
Código do texto: T3166614