Tiriricas brasilienses
Quantos mil pelas diretas?
Quantos mil pelo Brasil?
Quantos “eus”, meu Brasil?
Qual foi o eco dos poetas?
Quais foram as vozes que não puderam calar?
Do sal ao mel
E agora o fel
Que corrompe tantas almas
Se com a ditadura tantas injustiças
A democracia é a rapadura do Brasil
Do açúcar, o amendoim e o melado
Por que professor exigiste tão pouco de mim?
Hoje, sou um pobre ignorante perdido
Porque deixei morrerem os meus sonhos
Não sou nem capaz de pintar minha cara
De verde amarelo
Não sou capaz de me unir ao meu povo
Já que não luto por ideais junto dele
Meu próprio umbigo me basta!
Que me importa se na telinha
O pão comeu o circo?
Quantos mil pelas diretas?
Quantas foram as vozes que não puderam calar?
E o fel, meu Brasil?
O fel que escorre da democracia atual?
É melhor rir ou chorar
Quando o nosso dinheiro está em cuecas políticas
Ou são eleitos tiriricas brasilienses?
E viva a pobreza do Brasil!
Bem que eu queria que nascesse uma flor nesse lodo
84,85 Tancredo Neves e o Brasil
Fafá de Belém e quantos mil?
Eu, nos meus 10 anos
Senti na minha pele quando ele se foi
Anos mais tarde
Em algum lugar eu ouvia os ecos de um povo
E somente fui me interessar por ideais
Com a morte do presidente do Brasil
No meu doce sono, ainda infantil
Não havia escola, naquela hora
Esse foi o dia em que dormi feto
E acordei, Brasil!
Nascia um ser que questionava
Que não entendia, mas decorava lições de história
Para tirar 8 não precisava estudar, nem entender
Oh, doce ilusão infantil!
Mas as raízes dessa planta
Tiriricas brasilienses, é profunda
Pergunte aos agricultores do sul do Rio Grande
Quanta força é preciso para desenterrar
Uma só plantinha de tiririca
Nesse solo do Brasil?
Os donos do meu povo são romanos
Na telinha, meu pão, me dá circo
E eu abro os meus braços
E digo amém, amém circo-vem!
Quem é esse viajante?
Volte, Brasil!
Retroceda a fita e recomece pelas escolas
Recomece dando um salário digno aos professores
Infelizmente hoje quem tem 18 anos
Não é mais o futuro do Brasil
Sem cultura não há futuro