LUZ DO BOM TEMPO
Eu fecho a porta e os olhos
para não ouvir os seus sussuros;
murros de desesperança atravessando meus rios,
embaraçando as minhas tranças.
O grito interno estilhaça o vazio.
O queimor no peito espalha o frio e se lança.
Que venha o vento e sua força
a arrastar velas, telhas, mazelas,
cabeleiras, alianças...
Que venha o vento!
Que venha o vento
e arraste as raízes do que não é cura,
as amarras do que não é Luz,
os trovões de vozes obscuras,
as nuvens que escurecem o pensamento
e fazem pesar a cruz.
Que venha o vento
e abra as janelas da boa sorte
e permita entrar o Sol,
brilhar à mim o Sol;
luzir e aquecer-me o Sol.
Para que desabroche a flor de dentro
e todo o jardim ao redor.
D.V.
21/08/2011
Copyright © 2011 Dulce Valverde All Rights Reserved