[De que serve a palavra sem sentido]
Apresentando O Transversal:
“La Folie - Almas que viajam nas asas do condor avistando o mar em azul sem fim que se mistura com o céu”
De que serve a palavra sem sentido
De que serve o insulto sem a palavra
...
Para quê escrever mar se a palavra riso
É bem mais interessante,
Ou bocejo,
Ou...
(?)
...
Para que serve a palavra insulto
Senão para colocar-me nos bicos dos pés
E querer ser mais alto que o indulto
Querer ser razão ( [não ter, ou ter, mas ser...]
(?)
...
Dono da verdade, sim
Dono de toda a verdade, mesmo que
A palavra minha anteceda.
Quem é dono de mim senão eu,
Mesmo errando, ou acertando (?)
Afinal também finjo
E nunca a palavra fingir teve tanto significado,
Mesmo na hipocrisia de algumas palavras
Que se julgam grandes, tão grandes
Que nem numa mão cabem ou acabam. (?)
...
Ah... palavras que se afogam no abismo
E quando tocam no fundo do mar,
Esperam o oxigénio que não chega,
Ou transformam-se em guelra
E estrebucham numa rede qualquer.
No meio de tudo isto a palavra perde significado(s)
Até origem, até fim, finalidade,
Direções, e nada atinge, apenas ricocheteia e regressa
E ricocheteia mais depressa e regressa com mais força... Rio-me.
Ou não e fico-me pelo sorriso (?)
[são palavras como outras tantas...]
Descanso-me ,
Ou protesto
Ou vocifero
Em letras maiúsculas como grito
Afinal quero acordar outro que se finge de surdo,
Ou dono da razão
Ou zangado consigo, com todas as palavras,
Até com as palavras que lhe empresto,
Afinal não presto,
Apenas protesto
E ninguém escuta a minha palavra,
Mesmo de honra,
...
Quando finjo
Ou
Quando rio
Ou
Quando enterro cada vez mais palavras na esperança
Que a palavra cogumelo nasça.
Devaneios sobre as palavras que preenchem uma folha em branco imaginada num bar de 3ª classe enquanto uma velha bailarina de voudeville se arrasta pedindo a palavra descanso. Ninguém a ouve. (acho que ninguém ouvirá a palavra ouvir, ou lerá...será?)