Mestre Edu tocava violão
"Eu sei mais sobre você
Do que você mesmo"
(Lou James)
Mestre Edu tocava o violão
E tocava-o bem, mesmo sem saber tocá-lo
Tocava-o com a mão direita e
Surpreendendo a si mesmo e a nós, irmãos, foi longe demais
Nas canções, com o seu desejo de tocar, de fazer rock
Rock sem guitarras, sem aranhas de Marte...
... Sem inflar o seu ego, coisas insanas
À parte, nos tornamos a banda do Mestre
Ele nunca cantou bem, assim como seu irmão
Mas, bagunçava os cabelos e deixava a barba rolar
Isso era-lhe peculiar...
E seu cachorro Ziggy, com sua força descomunal
Conduzia sua mãe pelo pescoço, no frequente passeio matinal
A luz da cerveja refletia a mosca que vagava tentando pousar
Em seu prato feito, seu teclado torto, de porcelana...
Nos seus dedos delicados, em sua sala de estar, ficavam jogadas, as havaianas
Pretas, é verdade, tente observar as gotas de sangue na madeira
Do violão, de Savok nos Estúdios BCB, vê...
Estou mentindo para ti?
O que Deus fez a ele para ir longe demais?
Chegar a esse ponto, com essa geração estúpida e alienada
Ele conseguirá atingi-la, roubar seus celulares e seus fones de ouvido?
Fazendo amor com seu próprio ego, Savok teve vários filhos
E o baterista foi absorvido pelos livros da biblioteca do BCB
Esses são os projetos...
... Ao longo de anos, o método
Empírico prevaleceu
E cresceu...
Uns, enfaticamente reprovaram-no
Outros sentiram vergonha alheia
Síndrome, pânico, depressão?
Problema deles, ou não?
Os que foram dominados pelos fracassos
Que eles mesmos criaram, presos aos covers que faziam
E não se libertaram, somente copiaram e reproduziram seus ídolos
Absorvidos pelas mentes, pelos acordes insistentes do que eles fizeram
Outrora; quando mataram os aplausos e todos cansaram de ouvir o repertório
Tivemos que acabar com o “projeto cover”, adeus Marley, Gil, Djavan, enfim...
Novos Baianos, Chico, Ben, Caetano, todos aqueles, Nostradamus e Tim
E o Mestre Edu continuará amando o que faz, Zumbi Soul, o que fez, e a mim
*Ao mestre e irmão Eduardo Ribeiro de Medeiros