Barroco
Aquelas moças cheias de pompas e garbo,
Quanta soberba musical naquele Trio Sonata.
O jantar estava deslumbrante.
Meias pretas, clima pomposo.
O baixo contínuo realçava aquela transitoriedade
Das jogatinas de palavras esquisitas.
A orquestra barroca: o cravo e o violoncelo, como
sempre impecáveis.
Luvas brancas... Me dou por vencido se o maestro não
executar uma suíte sequer.
Cai um copo de cristal finíssimo. O vinho mancha uma
toalha branca de mesa,
sensacionalmente trabalhada.
Mas eu vivo em 90, e curto rock, pornografia e vídeo. Vivo
cercado de violência e
poluição, de edifícios e esquinas tortuosas.
Não sou digno de ser um truão,
Ou amigo do amigo íntimo de Bach.
obs: escrito em 1990.