Barroco

Aquelas moças cheias de pompas e garbo,

Quanta soberba musical naquele Trio Sonata.

O jantar estava deslumbrante.

Meias pretas, clima pomposo.

O baixo contínuo realçava aquela transitoriedade

Das jogatinas de palavras esquisitas.

A orquestra barroca: o cravo e o violoncelo, como

sempre impecáveis.

Luvas brancas... Me dou por vencido se o maestro não

executar uma suíte sequer.

Cai um copo de cristal finíssimo. O vinho mancha uma

toalha branca de mesa,

sensacionalmente trabalhada.

Mas eu vivo em 90, e curto rock, pornografia e vídeo. Vivo

cercado de violência e

poluição, de edifícios e esquinas tortuosas.

Não sou digno de ser um truão,

Ou amigo do amigo íntimo de Bach.

obs: escrito em 1990.

Alexandre Lettner
Enviado por Alexandre Lettner em 30/08/2011
Código do texto: T3191638
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