Búnquer
A guerra já não se declara,
continua-se apenas. O que brada aos céus
torna-se o dia a dia. Os heróis
ficam longe das batalhas. Os fracos
recuam para a linha de fogo.
O uniforme do dia é a paciência,
a medalha a mísera estrela
da esperança sobre o coração
Ingeborg Bachmann
Búnquer
Limites... há tantos no combate
minha alma é só casamata
mas quero erigir meu tempo,
na ânsia inútil dessa marcha.
A época de ser herói ficou para trás,
guardada em uma gaveta de escribas
desalgemada entre carinhos de traças.
Vamos empalhar o sorriso
escondê-lo entre trincheiras
de vicissitudes diminutas.
A vida esta na superfície
obstáculos, vias e profundidades...
vamos nos proteger,
no búnquer nosso de cada dia.
Vamos explodir alicerces,
vamos rezar na missa das sete,
vamos camuflar nossos preconceitos,
ultrapassar essa linha Maginot entre nós
e esquecer que somos apenas desamor.
Erivelton Machado Guimarães
e-mail:erivelton@machadoeguimaraes.com.br