A vida de Aloé
Os seus dias eram noites
As suas noites, também noites
Porque ele não deixou o sol entrar
Por dias e dias
O sol enviava raios adocicados de amor
E desesperados de dor
Na esperança de que ele acordasse!
O sangue escorria de suas mãos
E de ternura, sorria o seu peito
Mas em vão, ele não deixava o sol entrar
Querido sol pensou então em afastar-se
E deixar as nuvens negras povoarem a vida de Aloé
Mas quê! Aloé não queria olhar
Sorriu para as nuvens e as deixou entrar
O sol sentia saudades, tantas saudades...
Resolveu voltar!
Correu, correu em disparada
De longe avistou, lá estava Aloé
Pequeno, triste e enfraquecido
Uma dor atravessou qual lâmina afiada o coração do sol
Arrependido jogou luzes cheias da mais pura aurora
Fortalecendo os ossos de Aloé
Ele olhou para cima sem compreender
Seus olhos já estavam cegos, sua pele murcha e seus ouvidos surdos
E Aloé apenas continuou a andar sem perceber que o sol tinha se afastado, mas jamais deixou de brilhar
(Sol = Amor = Deus)