A noite

Não há de ser a noite

Apenas inspiração,

Lua, bar e boemia,

Mistérios, versos e rimas,

A noite é também poesia.

Silenciosa dama prostituta

Deitada no tempo

Despudoradamente nua,

Gosando nos versos do poeta

Que se deita bêbado na rua,

Com voz pastosa rimando estrófes

Sussurrando blasfêmias da vida crua.

E a lua? Louca ouvindo aflita

Um verso frio que o poeta grita

Como se a poesia fosse hipocrisia

Se não fingisse, ao dizer com ela,

Que amar a puta é uma eresia.

A beata? Triste é que se consome

Num sonho morto de um amor sem nome,

E o rijo corpo de suaves curvas

Sofregamente o tempo come.

Assim se faz a noite um poema ardente

Que abre o ventre tão docemente

Ao poeta bêbado e indecente

Que em seu colo dorme tão inocente.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 05/09/2011
Código do texto: T3202021