Alma Índia

Através da janela do trem

que perdi

passeiam imagens

que não vi.

Meus dedos dedilham

um violão imaginário

com canções

de um repertório

que inventei para mim.

É mato, poeira,

rede, esteira,

naquela cabana

no meio do mato

em sonhos e fatos

que me embalam.

Meu corpo é selva, é relva

onde meu espírito índio habita.

Minha tribo já não existe

e a voz de Tupã insiste: - “Pegue o trem”.

Mas a estação está tão longe

e absolutamente vazia

e minha preguiça ancestral

ignora a voz que dizia: - “Aqui não é sua terra natal”.

Que Tupã me perdoe

e outros deuses da mata

mas vou perder este trem

e o outro que vem

e os outros que possam vir.

Ficarei por aqui,

índio sem taba, sem tribo,

cavalo sem estribo

não quero prédio ou parede

meu abrigo é esta rede

que meu corpo aquece.

O resto...

bem, o resto esquece!