A planície do tempo

Tempo!...

Flor em desabrochar continuo,

Albergue de quantas lágrimas,

Relâmpago desluzido do agora...

Atravessando por sua planície

Viandantes de todas as horas,

Estações, plantios e colheitas,

Caminham de mãos dadas

Entrelaçando realidades e sonhos,

Risos e prantos, partidas e chegadas

Tempo!... tempo!...

Em despedida, vestidas de cansaço,

Por detrás do resplendor tremulo

Pesarosas quão baldias lágrimas,

Inundam seu caminho lasso,

Lavando das esperas o acúmulo,

Da nostalgia a relva e o túmulo.

Tempo!... tempo!... tempo!

Janela entreaberta às fantasias...

Em seu parapeito, emudecida

A vida se curva à sorte,

Despede desbotadas as alegrias

E lança-se para além de ti,

Usando por trampolim a morte.