A certa hora
Na sala...
De repente uma imagem,
Sugestiva viagem,
Miragem no tempo.
Mais ou menos assim,
Do nada...
Não sei de onde,
Sem lei, a voz no rádio...
O som entranha na alma,
E diz, e diz vai,
Vem, volta...
Ao teu leito cativo,
Volta ao passado.
Mas o que me fascinou,
Tirou-me da terra.
Um cheiro, que cheiro!...
Perfume...
Reportando-me a casa,
A rua, a vida...
Aos meus amigos.
Por um segundo...
Só por um segundo,
Sou dessas harmonias,
Que me envolvem,
Absorvem-me, levitando-me.
Num vão oculto do espaço humano.
Mundo infantil, mundo anil, cuja razão,
Não ultrapassa a essência do coração.
Na sala do nada,
Entre as estrelas,
Entre as coisas,
Feito rei.
Não tenho ouro, nem prata.
Eis que me vale, no meio de tudo a vida...
Esperanças e saudades que me emocionam,
Me curam e me matam.