###PARTITURA#ESQUECIDA#NUM#TEATRO###
Zombem de mim, os que orgulhosamente,
Mantêm suas almas por muralhas guarnecidas;
Os que nunca souberam o que são feridas;
Os que acham que amar é viver vãmente.
Não me importo com a altivez da burguesia
Que pensa que nós jovens somos frágeis,
Mal sabem eles o quanto são ágeis!
Estes jovens quando se entregam à Poesia.
Prefiro uma alma aberta à fraternidade
Que o gelo de apertos-de-mão individualistas;
Prefiro a loucura insensata dos otimistas!
Aos prudentes pessimistas cheios de maldade.
Não quero cobrir-me glória nem bustos!
Já me contentaria se algum bêbado quisesse
Ouvir os versos que este coração tece
E que tenta divulgar a imensos custos.
Não tenho na vida outro ofício
Que este de versejar ao vasto mundo!
Que de poesias pouco a pouco inundo!
Isto é minha religião, meu sacrifício!
Quando morrer somente a lua!
Que a ninguém despreza ou repudia,
Virá visitar minha lápide fria
Acompanhada dos bêbados da rua.
Lerão sobre meu túmulo carcomido
Os últimos versos daquele que viveu
Do fogo sagrado como Prometeu!
Revelando ao mundo o desconhecido.
Aracati-Ce, 19 de outubro de 2006.
André Breton