palmeira e nuvem

o negro e o branco,

as ondas e os passos.

surge e dança

na areia a garça -

as vagas são o

compasso.

dançam à beira

do mar

num círculo de areia -

capoeira.

branco e negro,

nuvem e palmeira.

dos braços

lançada ao

mar a teia,

o veú branco

e fluido, a trama

puxada pra areia.

puxa o corpo negro

que arqueia;

pés arraigados,

lança ao mar a rede:

o corpo serpenteia.

na areia a garça espera:

desejo e medo:

o peixe, prata, na trama,

deseja a garça:

corteja.

o medo e o negro

nutrem a garça e a dança,

num círculo exato:

balde, rede, negro, garça,

trama que se lança.

dançam as ondas,

a garça,

indo e vindo,

medo e desejo,

o peixe no balde

e o balde na areia.

brilha o negro

o peixe, o mar,

jogada com a rede,

a teia, o negro,

palmeira ao vento,

chicoteia.

Dança garça,

dança por sua ceia.

o mar varre os pés.

o negro e a garça,

que se lança,

que puxa, dança,

avança, gazeia.

o passo, espaço, espelho:

negro e branco,

garça e negro,

os braços, o bico,

o balde, debalde,

o peso do negro,

a garça, leveza.

o bico no peixe

palmeira no chão.

enquanto voa o branco,

pés negros, raízes,

presos na areia - alçapão.

longe voa a garça

com a prata,

voa longe branca,

nuvem sem direção.

o negro dança

agora só -

entre as vagas,

sua teia lança,

vazio o balde,

longe a garça,

a prata brilha

esperança.