Quanto ao tempo

Agosto passou, e tais amores também passaram.

Agora já é setembro.

Ora, é bem verdade que ficaram meus rumores,

mas o que posso eu fazer, a não ser viver,

e viver desse presente inegmático e sacana que me cerca?

E Quanto ao tempo,

o deixarei livre,

ele voará até a mim no tempo e modo exatos.

Ele cuidará do meu ser.

Prometo não ser astuta,

porém,

não serei lenta como o luar das noites sóbrias dos amantes lunares.

Apenas viverei esse espaçamento chamado ” intervalo”,

dentre um tempo e outro,

onde o coração plantará novas sementes e nascerão novas flores a serem colhidas posteriormente.

Ainda serei sempre a mim mesma.

Com meu corpo quente,

uma xícara de café amargo, como de costume,

e apreciando os mais quentes e destilados.

Outroras , lembrarei relicários que um tal coração luta para esquecer,

porém a memória,

ah, essa tal da memória insiste lembrar.

Bem sei todos os dias,

que o tempo cuidará de todos os enfermos.

Tempo é recíproco.

Sempre cuidará de enfermos,

porém, nunca cuidará da saudade.

Saudade jamais se cura.

Saudade é eterna,

quase nunca se mata,

e eterna será sempre a saudade.

Já o tempo, limita-se a nós.

Portanto,

cabe a mim,

Cabe a qualquer.

Apenas deixar permitir sentir-se.

Sei que nesse tempo anos irão passar,

tempos mudarão,

pensamentos,

dias, cores, meses e

detalhes...

Ah, e esses detalhes...

E quantos detalhes!

E como poderia tal memória apagar?

Apenas únicos detalhes.

Detalhes imprecisos de um modo nunca preciso.

Inacabado e metade quase precisa.

Terei tido crises de amnésia, talvez ou sempre.

Não haverão sequer mínimos vestígios,

não ser, pequenos fragmentos chamados "detalhes de tempo", e estes brincares de trocadilhos que imprecisam meus contos únicos meus.

E quanto ao tempo...

Na hora e instante exatos,

assim como música, com seus compassos, tempos e fermatas,

construirá minha melodia chamada apenas: “inesquecível”.

E que os ventos singelos não faça-me lamentar,

apenas sentir e viver dessa doce melodia.

Porque inesquecível é tudo aquilo que fica guardado lá no fundo e leva o tempo suficiente para tornar-se o mesmo: inesquecível.

Marinara Sena

23:44pm

17/09/2011