Cretina Rotina Latina

Nasce a manhã, abro os olhos

e com eles, sem levantar-me,

visito os cantos do quarto.

Os pensamentos se espreguiçam

sem o peso da responsabilidade

sobre os ombros que ainda dormem.

Sinto uma vontade imensa

de voltar meia hora no tempo,

até quando eu ainda dormia

e minh'alma vagava livre,

sem memória, sem lembranças.

A mente se engata nos sentidos

e minha seletividade auditiva

extrai do uníssono,

o barulho das correntes humanas

que se arrastam como o próprio dia,

até que um durma e o outro chegue.

Ações programadas à força

pela mesmice do cotidiano

fazem com que eu ganhe a rua

sem saber como cheguei nela,

sem nem mesmo lembrar

da marca da pasta de dentes.

E do "estacionar" ao "entrar",

dos "bons dias" aos "tudo bem",

dos cafés aos comentários,

das cobranças às desculpas,

da reunião das 9 às 9 reuniões,

do "fast food" ao bicarbonato,

do segundo tempo aos acréscimos...

... cai a noite.

mas justo em cima de mim?

RSanchez - (31/7/2004 19:14:14)

PuraReflexao
Enviado por PuraReflexao em 29/11/2004
Código do texto: T323