Sonhos ao luar...
Esther Ribeiro Gomes
‘Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
que poisam sobre duas violetas,
asas leves, cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos
e as minhas mãos uns pálidos veludos,
traçam gestos de sonho pelo ar...’
(Florbela Espanca)
Quando o luar ilumina a campina,
minh’alma volta a ser menina
e se veste de sonhos coloridos
que hoje não têm mais sentido...
Foram tantos sonhos ao luar,
que minh’alma saia a voar
e desaparecia nas brumas do tempo...
Foram inesquecíveis momentos,
em que me perdi na triste ilusão
que os sonhos seriam realidade
e acalentava meu coração,
pensar que teria eterna felicidade!
Hoje só restaram as recordações
que perfumavam minhas noites de ilusões
e teu riso ainda ecoa em meu ouvido,
trazendo doce aroma de saudade,
daquele etéreo tempo de fugaz felicidade!