penitências

Ah! Se soubesses mesmo do amor não ousarias duvidar

A dúvida é uma maldição, pesticida envenenando a alma

E nenhum corpo é são se o espírito lhe apavora!

Quem vive sob o sol não deveria temer a luz e a sombra

É insensato, ainda que sensatez não rime muito com coragem

Se bem que é preciso ter coragem sendo sensato!

Não é inteligente andar com gravatas e paletós na primavera

Ainda que a brisa arrepie o corpo ao entardecer, ao anoitecer

Ainda que o mar resolva tomar a praia, beijar-te os pés!

Enquanto o silêncio que atordoa tingir o céu da boca

Descanse, deixa o barco em remanso

Enquanto isto vá à nascente, lá a água é santa!

Quisera eu andar em pele por entre estes prédios acinzentados

Sim, eles também têm belezas, tristezas, sonhos, sonhos

Nesta babel a vida não anda, escorre, e não é para o oceano!

Fugir de manhã, andar na areia, banhar-me em cachoeira, sonhos

A visão mais bela é a do sabiá comendo sementes nos canteiros

Ele não se incomoda com o som ensurdecedor dos pneus, esqueceu-se

E não sabe que os carros levam seus homens ao trabalho, aos hospitais

aos necrotérios, e outros homens cansados levam cães às praças

É o que lhes sobrou do que aprenderam sobre viver e amar!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 28/09/2011
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T3245071