Passou
O amor
(era muito? era pouco?
era calmo? era louco?)
passa
Ferreira Gullar
Nasceste inseguro nesse espetáculo
silencioso escalafobético esquecido,
murchaste o coração empoeirado,
no consolo de versos escassos.
Espiaste devagarinho, agora
os momentos que já passaram
passaram passaram triplicaram
voluntários inaudíveis em reminiscências
de imundície de ilusão de solidão
para sua sorte ou azar?
Viveste entre homens elididos
viveste em um mundo de gosma
viveste entre downloads de alucinógenos
viveste entre poesia e nadir.
Passou embalde o elã do amor
no pêsame insociável do coração
resíduo, asco, ternura e pó
oscilando entre beijos metafísicos.