Passou

O amor

(era muito? era pouco?

era calmo? era louco?)

passa

Ferreira Gullar

Nasceste inseguro nesse espetáculo

silencioso escalafobético esquecido,

murchaste o coração empoeirado,

no consolo de versos escassos.

Espiaste devagarinho, agora

os momentos que já passaram

passaram passaram triplicaram

voluntários inaudíveis em reminiscências

de imundície de ilusão de solidão

para sua sorte ou azar?

Viveste entre homens elididos

viveste em um mundo de gosma

viveste entre downloads de alucinógenos

viveste entre poesia e nadir.

Passou embalde o elã do amor

no pêsame insociável do coração

resíduo, asco, ternura e pó

oscilando entre beijos metafísicos.

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 28/09/2011
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T3245449
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