Para mil e seiscentos diabos

Dormir, sonhar e roncar,

tudo é coisa natural.

Mentir nem coceira dá,

e aí mora todo o mal.

Gente, por educação

– prá abafar o tititi –

por roncar pede perdão,

mas não liga em mentir.

Pede-se muita desculpa

por processos naturais;

isso parece uma lupa

cuja lente esconde mais:

se a pessoa sabe ser

vil e volátil de humores,

ganha fama e poder,

é líder, tem seguidores;

se o sujeito tem por bem

ser sincero, honesto, reto,

muitas vezes nem paz tem,

por outras, sequer, um teto!

Gente normal – justa, boa –

de mentir se envergonha.

Porém, a questão ecoa:

Sonhar vai virar peçonha?

Anormal é quem se acha

acima de regra ou lei.

Isabel diz-se ‘Natacha’.

Mentir para quê? Não sei...

Revertendo-se os valores,

mentir virou cortesia;

parece estrada com flores

se tornando pradaria!

Basta de hipocrisia!

Sonhemos e bem ronquemos!

As desculpas (quem diria?)

e a mentira, aos demos!

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 06/10/2011
Reeditado em 19/11/2011
Código do texto: T3260481
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.