Das cores - a palavra
abriram-se os mares
teus olhos são duas ilhas inalcançáveis
suaves
como borboletas adejando o abismo
- lugar da ausência onde te encontro -
tu és o desvio, a perversão
e eu vou buscar o escuro
sem que a lua seja uma promessa
sem palito de fósforo
dentro o que arde
muito cedo chegaram as palavras
como cometas
rasgando o céu
a garganta
e não adianta semear férteis sementes em flor
os vermes e as formigas são em maioria
flores estas
que murcham nas pontas dos meus dedos
em dez colunas de cinzas
levadas pelo vento
sem raízes
se alegram de ser sangue
as rosas vermelhas
por ti
o primeiro soluço da noite
inaugura um oco no espaço
talvez meus lábios que se abrem para dizer
amor
borboletas adejando o abismo
eu digo, eu digo
para que exista