Outros ares

A poesia fugiu do mundo.

O amor fugiu do mundo -

Restam somente os homens,

Pequeninos, apressados, egoístas e inúteis.

Resta a vida que é preciso viver.

Resta a volúpia que é preciso matar.

Resta a necessidade de poesia, que é preciso contentar.

Augusto Frederico Schmidt.

Outros ares

Há enleios que não sentimos

desdém entre beijos consumados,

mínguam insuportáveis na memória.

Agora, é só esmagar

os versos miríficos,

na fadiga e sofrimento.

O momento inconsolável

de lutar fechado e encanecido

na efemeridade do amor presente.

Outros ares estão circulando

no lamento de dias acríticos,

não temos mais este amavio.

Quero este aroma

entre o êxtase da carne

que consola esta impotência.

Não temos o mínimo pecúlio

o máximo é só um instante

de resposta, aposta e queixume.

Agravando inerte esta solidão,

dicionários vazios na linguagem

de amar na ânsia do pontapé.

Delineando-se entre esperas intangíveis

nesta atmosfera trêmula em migalhas

na sevícia aniquilada da carícia perdida.

Simples poema amargo que amena

espiando o mistério decompondo

o desnamoro romântico que envenena.

Erivelton Machado Guimarães

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 11/10/2011
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T3269944
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