Outros ares
A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo -
Restam somente os homens,
Pequeninos, apressados, egoístas e inúteis.
Resta a vida que é preciso viver.
Resta a volúpia que é preciso matar.
Resta a necessidade de poesia, que é preciso contentar.
Augusto Frederico Schmidt.
Outros ares
Há enleios que não sentimos
desdém entre beijos consumados,
mínguam insuportáveis na memória.
Agora, é só esmagar
os versos miríficos,
na fadiga e sofrimento.
O momento inconsolável
de lutar fechado e encanecido
na efemeridade do amor presente.
Outros ares estão circulando
no lamento de dias acríticos,
não temos mais este amavio.
Quero este aroma
entre o êxtase da carne
que consola esta impotência.
Não temos o mínimo pecúlio
o máximo é só um instante
de resposta, aposta e queixume.
Agravando inerte esta solidão,
dicionários vazios na linguagem
de amar na ânsia do pontapé.
Delineando-se entre esperas intangíveis
nesta atmosfera trêmula em migalhas
na sevícia aniquilada da carícia perdida.
Simples poema amargo que amena
espiando o mistério decompondo
o desnamoro romântico que envenena.
Erivelton Machado Guimarães