A NOITE

Ó noite, dos meus encantos,

De sombras

E sons misteriosos,

Noite que calas prantos

E tens facas,

Segredos nos bolsos,

És vulto nas esquinas,

És mulher de má sorte,

Espelho,

Anfetaminas,

Braços chamando a morte;

Beijo inocente,

Charme maquilhado,

Voz dolente,

Do ato consumado;

E és marinheiro alado,

Cartaz sugestivo,

De um pobre desgraçado,

Que se sente ofendido,

Por não reconhecer,

Como seu,

O nome com que nasceu,

Qual ao morrer.

Ó noite,

Tão viva de tudo,

Prostituta,

Indigente,

Amante,

Sereia,

Por ti não mais me iludo,

Mas cantar-te-ei

Sempre,

A cada nova lua-cheia.

Jorge Humberto

In Fotogravuras II

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/10/2011
Código do texto: T3270478
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