Lamúria I
Insurge feito espírito o artifício frio,
E eu, este ser horrendo de peito quente,
Atiro aos mares negros, a única semente,
Escopo aniquilado de meu próprio vazio.
Embargo meu canto em lagos impuros,
Desnudo meus ossos, a alma, o hemisfério.
A solidão é senhora, meu peito, o império,
Minhas orlas tristonhas, as sebes e muros.
Adeus ao meu verso, mui belo, inaudito,
Que arda um dia, n´alguma boca ferida,
Traceja-me, a morte, o calcar ao infinito!
Adeus, meus amigos, que estou de partida,
Guardem-me os olhos e o canto maldito,
Para que eu sinta na morte, um traço de vida.