NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO

Não sei quantas almas tenho,

vou deste, que ora vos escreve,

para outro, sem que tal me

aperceba: apenas a poesia tem

esse fidedigno dom. Então sou

muitos, no mesmo tempo temporal,

em que um sonho vira realidade,

e eu me questiono, a quem sou.

Tenho mil janelas abertas, de par

em par, que me mostram todo

este imenso mundo, cingido pelo

sol, que lardeia, alto nos céus.

E meu ser abstracto se confunde

com a paisagem, de onde me

enlevo, para ser nela sua essência,

tão translúcida como coerente.

Abro os olhos à minha volta e me

indago: se muitos, é quem eu sou,

então sou a própria natureza,

que sempre se inova e tem mil faces.

E como num rio concreto, sou os

olhos, que espreitam por detrás

de mim, por cima de meus ombros,

como que tentando adivinhar-me.

Jorge Humberto

15/10/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/10/2011
Código do texto: T3278173
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