O tudo (quase semente) de Barros

Eu tinha poesia de latas

De nacos e pedaços

Eu tinha poesia de garrafas

Que vagavam por mares inexatos

Eu tinha poesia de cacos

Colados por lágrimas

e chumaços de idéias

Hoje busco poesia de poeiras

Busco poesia de goteiras

Poesias de algodão que levitem

E recaiam sobre os nossos ombros

Quero sim os poemas de escombros

De restos e despreparos

Hoje eu busco

A significante irrelevância

Eu quero a quase semente do nada

Quero a poesia de Barros

Homenagem ao Poeta Manoel de Barros, construtor das inconstruções relevantes.