NAVEGADOR

Aqui vou, navegador solitário,

tão só como quando aqui cheguei

e ancorei meu barco.

Levo nos lábios os beijos dela,

e na memória, a visão de outra paisagem.

Sigo viagem nas asas firmes do meridião,

ventos constantes ou indecisos,

brisa breve, viração leve.

que navegar alguém disse que se precisa,

e eu preciso.

Para não chorar pensando naquela

que é o meu amor em terra,

os meus olhos cerro

para guardar em mim

a imagem dela.

E eu sigo,

Já na partida, arregaço as mangas

e iço a primeira vela.

Genoa, vela latina enfunadas,

vou agora por onde a brisa sul me leva,

para onde a luz do horizonte chama,

ou para onde a chama do coração enverga.

Como menino que enxerga nos seus sonhares

a dimensão dos mares

e o frescor das aragens de outras paragens,

sou só um navegador da vida que não tem mapa

e dou um tapa se quiserem fazer das trilhas,

trilho e destino.

As longitudes e latitudes podem continuar,

na delimitação dos espaços imaginários,

imaginárias linhas.

Os azimutes,

ângulos meros de sentimentos meus,

muitos, ainda não explorados,

os que já quiseram dúbios e não sinceros,

sentimentos baços.

Deixo os espaços,

Só não me tirem as asas,

que as asas,

elas são minhas.