NA EXPLOSÃO DO VERBO
Eu muda a solfejar palavras!
desnudas, carnudas, cruas...
A despejá-las na casa, nas valas, nas ruas...
Eu muda a soletrar dizeres
(para entender)...
A relembrar quereres,
a soterrar o ser.
Eu muda revisitando cavernas...
Anoitecendo velas no rasgar do amanhecer.
Recolheu-se a voz
no vácuo do sentimento
que se deitou feliz
e despertou no desalento
Recolheu-se o Eu
no desatino do momento...
Calou, desfaleceu, sangrou,
desertou-me e arrastou-se mar adentro...
Eu muda!...
atordoando as cigarras,
descontemplando o lamento.
D.V.
10/2011
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