As Luvas de Cecile

Os sons mesclavam na noite fria

Dedos salpicavam sobre o marfim amarelecido

As luzes piscavam sentinelas aos amantes

E na sala exuberante, as luvas negras

O tilintar de brindes desviavam o sentido

Os goles frescos e delicados fantasiavam os olhares

A suavidade da melodia envolvia as almas

E na sala exuberante as luvas de Cecile

Depositadas com tal sutileza sobre o piano

Que impossível era não vê-las, negras

Descansadas solenemente alí estavam

Enquanto Cecile percorria docemente a melodia

Quisera que não as tocasse mais

que deixasse suas mãos suaves e brancas

soltas para sentir o calor de um toque

mais sutil que uma nota bem tocada

As luvas negras de Cecile

Apoderaram-se de suas mãos,

Arrastando-as daquele cenário mágico

Deixando um dissabor sem igual

As mãos de Cecile são belas

Delicadas

Suas luvas são negras

Odiosas...

NENINHA ROCHA
Enviado por NENINHA ROCHA em 26/12/2006
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