As Luvas de Cecile
Os sons mesclavam na noite fria
Dedos salpicavam sobre o marfim amarelecido
As luzes piscavam sentinelas aos amantes
E na sala exuberante, as luvas negras
O tilintar de brindes desviavam o sentido
Os goles frescos e delicados fantasiavam os olhares
A suavidade da melodia envolvia as almas
E na sala exuberante as luvas de Cecile
Depositadas com tal sutileza sobre o piano
Que impossível era não vê-las, negras
Descansadas solenemente alí estavam
Enquanto Cecile percorria docemente a melodia
Quisera que não as tocasse mais
que deixasse suas mãos suaves e brancas
soltas para sentir o calor de um toque
mais sutil que uma nota bem tocada
As luvas negras de Cecile
Apoderaram-se de suas mãos,
Arrastando-as daquele cenário mágico
Deixando um dissabor sem igual
As mãos de Cecile são belas
Delicadas
Suas luvas são negras
Odiosas...