Silêncios que perduram

Serás tu, Tempo, responsável pelo uso

Dos mares e das naus perdidas nas rotas

Dos céus gastos p'las asas das gaivotas

Que rondam o patamar de um olhar difuso?

Serás tu, Tempo, o guardião das imortais

Trocas de frases silenciosas e das rondas

Dos desejos que pululam em tíbias ondas?

Gastaram-se as janelas, e os véus orientais

Que estas mãos tanto amarrotaram...figurantes

De um cenário de passos e risos vagantes!

Gastaram-se, para sempre, as rocas e os fusos

Que urdiam colchas em lentas e suaves gavotas.

Só os muros, forrados com ais poliglotas,

Ó Tempo, não se usam c'os silêncios reclusos...