lá é aqui
Bendito abrigo!
Tempestade se formando lá fora
Protejo-me, misturada entre discos e livros e filmes
Tudo ao lado à mesa entre aveias, castanhas e arroz
Integral, orgânicos, embora desconfie dos rótulos, todos eles!
Tudo que não tenho espera por mim
Tudo que não sou esperam de mim e do meu coração indócil
Onde foi dar o mundo prometido
Este, aprendido a conhecer e adentrar
Durante tanto tempo e eu simplesmente não o vejo, onde!
Onde estarão os que não vivem sonhando acordados tão sonâmbulos
À beira-mar, no Himalaia, sob marquises, presos em algum laboratório
Nalgum labirinto, onde? Guardados da rudeza do mundo entre eufemismos
Perdidos entre álcool etílico e anfetaminas
Saibam, ainda há lugar à salvo cá por estas bandas do meu peito!
Estarão como eu, buscando encontrar a terra prometida
Lá onde vivem os homens
Céus! Nada existe, enlouquecemos todos entre misérias e miseráveis
De sãs ainda restam as construções com entradas para homens e cães
Os pássaros e os gatos não se importam com as portas!
Talvez ainda me salve, talvez ainda haja algum paraíso
Mas não, não há salvação quando se aprende amar
Por isto a eternidade e outros mundos após a morte?
Vou ter com a minha mãe ela não se esconde e me ensinou boa parte
de tudo isto que não sou pensando estar me ensinando a ser, outra!