Encorajamento por culpa e dó

Língua ingrata mostrada de frente

É calçada de sombra curta

Cansado vou, rangendo as solas

Provoco as grades:

esmago a palma

No ferro em solda

Sentido centro

Cai um relance

Desvio a imagem

E de toda calma

O alimento

Renasce a idéia de contratempo

Acaba-se o dia num instante

Com uma média azeda na mão,

eu digo: “camarada”.

Deixo o fusca passar

A morte acende

a coisa estúpida da alma

Venho aqui, só por estática

Refugo-me inerte,

em “com licenças” solenes

Julgo ser prata

o metal dos olhos

Deduzo reflexo, sei lá

Então, se corta a corrente

E acabo amargo,

entendendo o átimo

Num desnível de rua.

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 28/12/2006
Código do texto: T329653