DIA DE ANO NOVO
Eu, bêbado, vago pelas ruas de meu bairro
e grito alguma coisa parecida com alegria,
e danço alguma coisa parecida com samba,
e brinco com fogo na intenção de me queimar.
Eu, místico, abençôo amigos e inimigos
com palavras roubadas de um livro de auto-ajuda,
canto alguma coisa parecida com hino religioso
e chuto a água da chuva que caiu na véspera.
Eu, cínico, duvido se teremos um ano melhor,
mas, na presença de todos, digo que tudo vai ser diferente:
nada de angústia, de náusea, de perdas,
nada de mortes, de quedas, de brigas.
Meus amigos aplaudem meu discurso
impregnado de chavões e lugares-comuns,
e me abraçam quando passo por eles
e dizem: feliz ano novo e que tudo se realize!
E eu nem sei o que quero
para o ano que vem...
Eu, bêbado, vago pelas ruas de meu bairro
e grito alguma coisa parecida com alegria,
e danço alguma coisa parecida com samba,
e brinco com fogo na intenção de me queimar.
Eu, místico, abençôo amigos e inimigos
com palavras roubadas de um livro de auto-ajuda,
canto alguma coisa parecida com hino religioso
e chuto a água da chuva que caiu na véspera.
Eu, cínico, duvido se teremos um ano melhor,
mas, na presença de todos, digo que tudo vai ser diferente:
nada de angústia, de náusea, de perdas,
nada de mortes, de quedas, de brigas.
Meus amigos aplaudem meu discurso
impregnado de chavões e lugares-comuns,
e me abraçam quando passo por eles
e dizem: feliz ano novo e que tudo se realize!
E eu nem sei o que quero
para o ano que vem...