Megaira

Dos teus terríveis olhos vejo escorrer sangue

Serpentes pegajosas entrançam-lhe os cabelos

Incansável, persegues voraz a vítima exangue

Rancor implacável que não cede aos apelos.

Megaira! Encarnas a cruel raiva, o ódio ciumento

Inveja feroz, que em tuas asas negras arrebatas

Aqueles que ultrajaram a dádiva do sentimento

Que violaram votos em prol de ilusões insensatas!

Tu nunca descansas, nem descanso podes dar

A quem te caiu nas garras, presa de tua sanha

Tu gritas incessantemente, em vitupérios a condenar

O perjúrio cometido e a culpa que o acompanha.

Ferrenha perseguidora, cólera que desconhece o perdão

Vingança personificada, a perda não podes restituir

Apesar disso, ainda invocam teu nome em reparação

Da ofensa sofrida, que só o esquecimento pode dirimir!

Anankhe
Enviado por Anankhe em 27/10/2011
Reeditado em 25/07/2012
Código do texto: T3301888
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