ESFINGE

Foi assim que nos encontramos,

quando eu a vi.

Foi logo se pintando.

Céu de mil e uma cores.

Se despindo,

dos véus de seda e de cetim.

Se abrindo como uma rosa

no jardim.

Foi logo saindo de si,

consciente da beleza que é,

E sonhou na varanda,

sonhos de amor

e sensualidade,

admirações para o infinito . . . .

Tinha nos olhos

o que ia por dentro de si.

Fogo nos olhos de animal

que me disseram:

ou me decifras ou te devoro;

sou mulher,

sou corpo e universo.

E eu a presenteei com as luzes,

dos meus olhos

o cheiro da minha pele,

cores e formas

Despenteei os anéis dos seus cabelos

e perdido neles eu a beijei,

ela esfinge, eu peregrino,

e nos devoramos como dois animais.

Só depois eu a decifrei

e para ela eu escrevi mil versos.