O dizer

Há um certo brilho lúgubre por trás de teus olhos claros dizendo-me que toda a felicidade que você demonstra é uma amostra do teu poder de interpretar. Gostaria de não saber disso, gostaria de não ver tuas lágrimas secas, gostaria de não ser o único que percebe seu desespero enquanto você finge que não precisa de ninguém.

É o mal que se agarrou ao espírito, que se fundiu a alma e que lhe fechou o coração. Agora sem medo, sem glória, sem pecado e sem volta. Eu gostaria de lhe oferecer confiança, gostaria de ser um apoio, gostaria que por mais que o tempo voasse você sempre visse em mim aquele que lhe quer bem.

O que tenho a dizer é o que as palavras não podem assumir, o que o coração não pode esconder o que só com a morte pode acabar. Eu consigo ver teus sentimentos e me condeno a amar-te, por mais mal que isto possa acarretar. Deixe-me tirar os punhais, que cravados em ti estão, para que possas respirar o novo ar da manhã que entra pela janela.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 29/12/2006
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