REVELAÇÃO

Alguém me disse: amor não existe

É tudo circunstância, interesses mútuos.

Apontou para o meu desejo e falou:

Amarás quem o matar.

Amarás o assassino do teu desejo.

Então eu desejei saber do amor

E o vi com a mala pronta,

Passagem na mão para outro mundo.

Pensei nas mulheres que amei

E nos desejos saciados, sepultados,

Teria eu amado sem desejo?

Até que venha e se proste

E se entregue sem reservas

Manter-se-á a chama de uma paixão

Infinita enquanto dure,

Porém o amor tomará mil disfarces

E desaparecerá no tempo,

Consumido na cremação dos ritos.

Desejo por desejo, paixão por paixão,

Um trato tácito com a aprovação

Dos corpos carentes,

Cansados da solidão.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 09/11/2011
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