REVELAÇÃO
Alguém me disse: amor não existe
É tudo circunstância, interesses mútuos.
Apontou para o meu desejo e falou:
Amarás quem o matar.
Amarás o assassino do teu desejo.
Então eu desejei saber do amor
E o vi com a mala pronta,
Passagem na mão para outro mundo.
Pensei nas mulheres que amei
E nos desejos saciados, sepultados,
Teria eu amado sem desejo?
Até que venha e se proste
E se entregue sem reservas
Manter-se-á a chama de uma paixão
Infinita enquanto dure,
Porém o amor tomará mil disfarces
E desaparecerá no tempo,
Consumido na cremação dos ritos.
Desejo por desejo, paixão por paixão,
Um trato tácito com a aprovação
Dos corpos carentes,
Cansados da solidão.