o rútilo e o nada
sinto o prenúncio de que algo aqui quer doer mais do que deve doer.
as dores comedidas são dores suportáveis,
mas as dores impulsivas surgem de repente,
quando um acontecimento trágico
ou até mesmo esperado
(mas relutantemente rejeitado)
se apresenta diante dos olhos e do coração.
que mal te fiz vida?
que mal fiz eu à saudade?
que mal fiz eu a mim e a você?
enigmaticamente apresenta-se diante de meus olhos o escarlate da dor maior e triunfante.
meus sonhos prenunciam a chegada inexorável da amazona indomável...
que fiz eu de errado?
o máximo que fiz foi amar-te mais do que se pode amar alguém em vida.
mais do que se pode amar alguém em morte.
amar como se eu te conhecesse desde os tempos mais imemoriais, amar conhecendo em cada gesto, fala ou olhar
o que tu queres me dizer e não o dizes.
todo amor carrega com ele o seu reverso.
carrega com ele o rútilo e o nada.
11/11/2011