Gramática dos Sonhos

Eu só quero no futuro

Ter um pretérito perfeito,

Então, tento ser sujeito

De um presente santo e puro.

Antes que o Sol escureça

E que eu baixe a cabeça

Ante a presença da dor,

Quero sorrir e sonhar

E, sem rancor, desfrutar

De uma aurora de amor.

Não quero fazer da vida

Um futuro do pretérito,

Mas, ao partir, quero o mérito

De uma vida bem vivida.

Quando tremerem meus braços

E eu não puder dar abraços

Na musa dos sonhos meus,

Não quero ficar sem paz,

Mas quero olhar para trás

E dizer “graças a D-us”.

Não quero pôr reticências

No lugar de exclamações,

Nem pôr interrogações

No bojo das consciências.

Ao me espantar no caminho

E me deparar sozinho

Com o espelho de minha alma,

Não quero ser humilhado,

Quero estar embriagado

Com o doce néctar da calma.

Que as vírgulas da caminhada

Não pausem minha esperança

E eu prossiga em marcha mansa

Pelo rumo da alvorada,

Pra quando o som da canção

Não tocar meu coração

E faltar voz em minha boca,

Ao cessar toda cantiga,

Que a voz alheia não diga

Que minha alma era oca.

Antes que o verbo viver

Não se conjugue pra mim

E a massa pare pra ver

Da minha matéria o fim,

Desejo viver por fé,

Sabendo a vida o que é,

Trabalhando em justa messe,

Bordando no mundo a flor,

Lembrando do Criador

Que de mim jamais se esquece.

Quando findar minha guerra,

De D-us ouvirei a voz,

Que um ponto final na terra

Traz novo parágrafo após.

Depois que Cristo voltar

Eu hei de ir para o Lar

Ver as bodas do Senhor

E, entre um eco de glória,

Vou fazer eterna história

Junto do Eterno Autor.

Escrito na madrugada de 11-11-2011

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