O Suicida

Bem quisera ter nascido,

Loiro, intelecto vivo.

Quisera sim fazer de tudo,

Sem ter de relatar á alguém o motivo.

Mas preso á regras mundanas,

Tento adaptar-me á esse tédio.

Melancolias, incertezas espreitam-me,

Como livrar-me de um mal sem remédio?

Com olhos míopes examino a vida,

Vejo-a como um livro antigo.

O tempo é pobre, o mundo é podre.

Bem sei que carrego essa podridão comigo.

Em vão tento explicar o inexplicável,

Sob um leito pouco utilizado.

A insônia que me consome é maior que tudo,

O mal impiedosamente tem me marcado.

Como vomitar esse ódio pra fora?

Se ele é o tudo dentro de mim?

Como lutar contra algo invencível?

Como esperar o final de algo sem fim?

Às vezes desejo acabar com o mundo,

Acabar com tudo, inclusive comigo.

Mas nem forças para isso tenho.

Embora não sinta o mínimo perigo.

Meu dia é sempre sem sol,

Todos me pisam, me ignoram.

Minha noite é sempre mais escura.

Os pássaros que antes cantavam, agora choram.

O ódio pede pra que eu acabe com tudo.

De medo palpita o meu coração.

Vou seguindo assim esse luto,

Matar-me seria a melhor solução.

Mr Doug
Enviado por Mr Doug em 01/01/2007
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T333736
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