Lamentações [versão original]

O Calor se torna frio

Meus sentimentos congelam

Nesse fervor da tarde

Quando não estou ao seu lado

Ódio

Preciso de você

Alguém pra me aquecer nesse calor

Nesse frio escaldante da tarde

Sinto falta do aconchego, do seu tato

Ódio

Meus sonhos voam

Assim como os pássaros

Que me ouvem cantar músicas de solidão

Músicas do meu coração

Ódio

Alma perdida, escandida

Nos versos de poemas de amor

Sólida como o gelo que derrete ao calor

O Amor aquecido na margem desta alma

Ódio

Preciso de um favor

Déspota corroído

Desiderato por mim

Pelo meu amor e paixão

Ódio

Deixo em público meu ódio por você

Por não me amar

Por não me desejar

Por não me querer

Por não me suportar

Deixo dado os meus sentimentos

Está tudo a seus pés

Aguardando ser pisoteado

Amarrotado e destroçado

Ódio

Quando chegar no lado de lá

Quando bater na porta

Me procurar e não achar

Lembre-se de que te amei

E você não me quis

Pela infelicidade você não me encontrará

Estarei morto, sendo corroído

No interior da terra

Ódio

Grandezas físicas

Monetárias, Psicológicas

Não me impedem

Mas minha depressão

Me destrói, corrói

Ódio

Cárcere, libertariamente morto

Vede minha alma, minha carne.

Vê como estou podre?

Culpado me sinto, sou e estou.

Infeliz

Ódio

Vida, vida, morte, vida

Sofrer, alegria, desgraça

É isso?

Não sei, responda-me!

Necessito de respostas.

Ódio

Infeliz, na idade em que estou

Significa morte, afuturado

Não tenho objetivos

Só restos.

Ódio

O fim está chegando, está batendo a porta

Me chamando, devo ir?

Ninguém me responde,

Ninguém está comigo.

Não, não, sentarei e esperarei quem vier.

Ódio

Fim, saída, destino, objetivo

Morte, quando? Porquê? Por que?

Vida desgraçada, sem rumo

Decida-se, agora!

Ódio

Sim, esperando estou, aguardando

Estando, ficando, sentado

Saiba que quando o fim chegar

talvez não estarei aqui

Nem em lugar algum

Ódio

Enterro minha alma agora

Para que todos vejam

Saibam, do meu destino:

"Morte!"

"Aqui Jaz Minha Alma!"

D.E.P.