PASSA PASSA
 
Sol e chuva, já diziam os antigos,
casamento de viúva.
Com chuva e sol,
estenderei o meu lençol,
no quarador deste quintal,
tão grande e
tão imenso quintal,
que abriga  lá, ali 
naquele canto,
grande e vistoso
roseiral.
A fazenda abriu
suas portas,
abriu-as de par em par,
escancarou suas porteiras,
e por elas entraram,faceiras,
aves,
bichos de penas
e  de patas
avoando e
repassando
pisando na casa
inteira,
na sala
e na cozinha,
passa pato,
passa ganso,
passa galo,
passa pombo,
passa galinha,
passa bode,
passa cabra,
passa cobra,
passa patinho,
passa carneiro
passa cágado,
passa galinho,
em busca do
galinheiro,
e é tanto
passa – passa,
que tanto tempo
passou,
todinho,
pro mundo
inteiro,
só não viu,
só não viveu,
quem deu
de cara pro alto
furando dedo
em espinho,
saindo desarvorado
no bloco do
eu sozinho,
perdeu o bonde
das horas,
parou
poste,
no caminho.
 
 
      
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 17/11/2011
Reeditado em 25/10/2019
Código do texto: T3340481
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