De mãos dadas na bifurcação / O papel em branco e a poesia

DE MÃOS DADAS NA BIFURCAÇÃO

Fecho os olhos e o que vejo é tua face

Estás distante, mas sinto tua presença

É como se aqui estivesses e o nosso enlace

Fosse algo acima de qualquer crença.

Sabes o que desejo e o que procuro

E facilita-me o caminho da felicidade

Quando, com teus olhos, iluminas o escuro

Que, às vezes, cai sobre minh’alma com perversidade.

Vieste, enfrentamos a vida e não tememos a morte

De mãos dadas é mais fácil apesar da dureza

Vieste, deste-me tua mão e lutamos, juntos, contra a tristeza!

É por isso que me entrego à tua sorte

Confiando naquilo que há em teu coração

Pois sei: sabemos a escolha certa na bifurcação.

Cícero – 20-11-09

O PAPEL EM BRANCO E A POESIA

Diante de mim, tenho,

aberto, um caderno.

Convidam-me, suas folhas em branco,

ao poético trabalho.

Porém, as idéias eu embaralho

e, sarcástico, ri de mim o alvo papel:

– És tolo, poeta,!

Não podes, por incapacidade,

ocupar-me as pautas.

Subtraído, pois, de auto-estima,

entro a depreciar-me em pensamentos

e penso em fugir à obrigação.

Entretanto, dos confins da inconsciência,

ouço uma voz que me diz com insistência:

– És poeta, não fujas à tua luta!

Escrever é tua missão

Trata, pois, de à obra por a pena

e vence quem te quer subjugar.

Era a Poesia que me animava à batalha

de ocupar o papel em branco

da hipócrita mentalidade humana

que, vazia de racionalismo

e oca de sentimentalismo,

não enxerga estar indo além de suas possibilidades

e que está aquém de suas capacidades

de resolver os problemas que causou

porque só vê adiante seu próprio umbigo!

Cícero – 20-11-09

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 17/11/2011
Código do texto: T3341268
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