AINDA

Ai, ai... Ainda sonho

e então vivo, ainda.

Ainda carrego

uma canção

que não finda...

Ainda escreverei o poema derradeiro.

Ainda hoje. Ou amanhã.

Terá vinte e cinco versos ,

e, ainda, cinco estâncias.

Ainda revelarei os motivos imersos.

Ainda há um ano eu era feliz

porque ainda pensava que a vida

seguiria em paz

e não macularia meus devaneios,

ainda os mais puros...

Ainda assim não paro de cantar...canto ainda.

Quero tanto que ainda tento por meus anseios.

Não desistirei ainda

por todas as dores que sofrer.

Sou poeta, ainda que faça versos tortos.

Se ainda todos os amores forem mortos

restará, ainda, um último lamento,

a canção mais triste que ainda farei...

Meu canto ressoará, ressoará ainda,

e lentamente morrerá.

Lina Meirelles

Rio, 17.11.11