A BLUSA VERMELHA

Em frente à minha casa todo dia

Passava uma mulher à tardezinha

“Boa tarde, Senhor” – Ela dizia –

E eu respondia assim na mesma linha.

Ela só usava uma blusa vermelha.

Muitos anos assim ela acendeu

No meu coração, do amor a centelha,

A blusa vermelha nunca esqueceu.

Ela ficou velha e continuava.

Foi num Natal a última vez que a vi

“A Blusa Vermelha” não mais passava,

Seu apelido era apenas Rubi.

O tempo passou, eu já pobre ancião,

Fui visitar o cemitério um dia

E... Num túmulo simples, rés do chão

O final da existência eu já sentia.

Cheguei mais perto e vi no altar da vela

Muitas blusas vermelhas bem limpinhas

Com silentes fotografias dela,

A que me cumprimentava às tardinhas.

Salé/18/11/11, às 02h 52min. Lucas